De acordo com dados fornecidos pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em 2021, as advogadas são maioria no país. Você observa essa presença majoritariamente feminina nos ambientes jurídicos? Como você percebe as questões de gênero nesses espaços?
Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade estruturada no patriarcado. Isso significa que toda a nossa cultura, todos os nossos espaços sociais, irão estabelecer formas, mais ou menos evidentes (mas sempre presentes) de favorecer os homens. Podemos exemplificar isso desde situações aparentemente sutis, como o fato de serem mais ouvidos ao pedirem a palavra, ou de nos interromperem a todo instante no nosso exercício de fala, a dados mais objetivos, como diferenças salariais em razão do gênero. Veja que essa distribuição desigual de poder, que coloca todos os homens em um lugar de privilégio, de vantagem – em especial o homem branco, cisgênero, heterossexual – independe da vontade ou de uma ação direta deles, trata-se de uma estrutura social, está posta, assim como o ar em que respiramos. A desconstrução desse paradigma, diferentemente, depende do engajamento não apenas de mulheres, mas também de homens conscientes dos vários prejuízos sociais da desigualdade entre os gêneros. Novas políticas dependem de vontade coletiva de mudança e, sobretudo, de ações afirmativas.
Leia mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário