Ao longo da história o populismo se apresenta por meio de um líder carismático que busca assumir o poder com a ideia de libertar o povo de um mal-estar social.
Este por sua vez, procura relacionar-se com grupos sociais massivos, por meio de um discurso que explora o conceito do que é povo e igualdade. Todavia, traz consigo características antiliberais, empregando um nacionalismo exacerbado, a fim de manipular tais grupos para atingir interesses pessoais.
Ressalta-se que o uso da linguagem, falada ou corporal, impregnada de metáforas e dizeres do dia a dia tem como objetivo aproximar os indivíduos da ideia de uma “verdade salvadora”, que é capaz de elevar socialmente todas as pessoas que decidam segui-lo.
Entretanto, esta ideia fomenta o descaso à cultura e ao trabalho eficaz da ciência, apresenta soluções “vazias” a problemas sociais complexos, manifesta aversão ao processo democrático, bem como às instituições, pois estas limitam o exercício do poder por meio do sistema de freios e contrapesos.
E mais, com uma postura autoritária, um discurso moralista sobre o fim de um desvirtuamento social, busca a concentração do poder a fim de manter o povo na ignorância quanto à legitimidade e à legalidade das ações desenvolvidas.
Com a revolução e ascensão tecnológica, os grupos sociais cada vez mais aderem às plataformas digitais, vez que estas possibilitam a otimização do tempo, proporcionam uma “certa” produtividade profissional e permitem o rápido acesso à informação.
Nessa dinâmica, onde há pouco controle sobre o que é disseminado, é que o populismo ganha uma nova face em tempos pós-modernos se apresentando forte, e sem fronteiras, como “populismo digital ou ciberpopulismo” mencionado por Vânia Baldi em “A construção viral da realidade”.
Da leitura de Carina Gouvêa em “Populismos” entende-se que o uso desenfreado de desinformações nas plataformas digitais sobre um sistema político ou uma forma de governo que proíbe partidos de oposição, que restringe a oposição individual ao Estado, que exerce um elevado grau de controle na vida pública e privada dos cidadãos, que usa a liberdade de expressão para promover ataques à democracia têm gerado sentimento de descrédito na população em relação às instituições democráticas.
Com isso, as ideias de política e bem-estar social que são lançadas mundo afora acabam por confundir os sujeitos que alimentam esperanças individualistas valorizando a sua carga pessoal, em detrimento da construção do bem comum, criando soluções imediatistas, ferindo toda a construção constitucional até aqui.
Dentro desse atual desenho, o populismo digital amplia a possibilidade de comunicação direta entre o líder carismático com os grupos sociais, ora seguidores, propagando os seus próprios interesses por meio de iniciativas que colidem com os direitos humanos e fundamentais.
É nessa colisão de interesses que o constitucionalismo se fortalece, vez que o seu eixo central se baseia no consentimento do povo, na legitimidade das suas vontades usando a legalidade para estruturá-las. Ou seja, precede a observação de toda a conjuntura histórica das lutas sociais pela limitação do poder do Estado, por meio do próprio Estado: O Poder controla o Poder.
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