São Paulo, bairro da Aclimação, março de 1994.
A Escola de Educação Infantil Base, seus proprietários e funcionários, viveriam por meses, o inferno das fake news, acusações falsas propaladas de forma irresponsável pela mídia e o induzimento de falsas memórias em crianças de apenas 04 anos.
Tudo começou quando duas mães perceberam atitudes estranhas de seus filhos. De pronto, foram até a delegacia para relatar a suposta prática de um crime abjeto e execrável: abuso sexual de crianças de apenas quatro anos.
E quem eram os responsáveis? Os proprietários da escola, Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, e que supostamente contava com a participação da professora Paula Milhim Alvarenga e de seu, à época, esposo, o motorista da kombi do colégio, Maurício Monteiro de Alvarenga.
Diante de acusações de tamanha gravidade, o delegado do caso, Edélcio Lemos assumiu a frente das investigações, conduziu as crianças supostamente abusadas ao Instituto Médico Legal para a realização de exames. Além disso, também obteve um mandado de busca e apreensão para o apartamento onde esses supostos abusos sexuais aconteciam.
O laudo médico foi inconclusivo. Lesões foram, de fato, encontradas, todavia, não se podia afirmar que eram resultado de abusos sexuais. Haviam inúmeras causas que poderiam explicar aquelas marcas. O mandado de busca e apreensão foi cumprido, no entanto, nada foi encontrado.
Sedentas por “Justiça”, as mães das crianças procuraram a mídia, indo diretamente até a maior rede de televisão do país, a Rede Globo.
Elas então relataram todo o caso de abuso sexual. Após isso, a Escola Base se tornou conhecida por todo o Brasil, tomando proporções nacionais instantaneamente, em uma era em que as informações circulavam em uma velocidade muito menor do que hoje em dia.
O Jornal Nacional realizou matérias jornalísticas narrando todo o caso, já proferindo a sua sentença, evidentemente, condenatória.
Matérias sensacionalistas dos mais diversos portais exploravam o caso ao máximo, vide a capa de jornal que ilustra o presente texto.
Os proprietários da escola tinham sua imagem execrada com manchetes tendenciosas e condenatórias. Até mesmo a sugestão da prática de orgias entre as crianças, de uso e consumo de drogas e da transmissão do vírus da AIDS foram veiculadas.
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